25

ABR

9 DE FEVEREIRO - "Fernando"

 Tivemos contato com um aluno, estudante do 2º ano do ensino médio, de uma escola pública na periferia da zona oeste de SP, que vive com sua mãe e irmãos. Durante o dia ele cuida de seus primos (crianças menores de 5 anos), e a noite vai pra escola caminhando, chegando na escola ele já enfrenta um problema de falta de empatia por parte da coordenação pedagógica e suas burocracias, questionando atrasos, obrigatoriedade de uniforme e carteirinha, e isso faz com que diversas vezes ele perca aula, devido a proibição da sua entrada. Quando está em sala, há ausência de professores para disciplinas importantes como matemática e química, e professores formados em uma disciplina que acabam dando aula de várias outras para poder se ajudar e ajudar os alunos. A infraestrutura da escola também não coopera, prédio antigo, com problemas elétricos, sem ventilador, com grades para todos os lados, permanecer e se concentrar nesse local é difícil fisicamente (Calor, chuva, frio), além de emocional (sensação de estar preso e/ou indesejado). Em 2020 ele já está no 3º ano do ensino médio e já pensou em diversas vezes em desistir da escola, em vários bimestres teve que fazer trabalho para compensar ausência e nota, e mesmo estando terminando esse ciclo este não há nenhum objetivo traçado, apenas que depois da escola precisa conseguir um emprego pra poder ajudar sua mãe a pagar contas. Apenas servir ao capital sem nenhum tipo de engajamento social, plano ou meta para o futuro, o que torna ele vulnerável para qualquer influência, para qualquer caminho.